quinta-feira, 1 de outubro de 2009

ACOLHER OS PEQUENINOS (Mc 10, 2-16)

O episódio parece insignificante. Contudo, encerra uma mensagem de grande importância para os seguidores de Jesus. Segundo o relato de Marcos, algumas pessoas levam a Jesus crianças que brincam por ali. A única coisa que procuram é que aquele homem de Deus as possa tocar para comunicar-lhes alguma da sua força e da sua vida. À primeira vista, era uma crença popular.
Os discípulos não gostam desta atitude e tentam impedir. Pretendem levantar um muro à volta de Jesus. Atribuem a si mesmos o poder de decidir quem pode ou não chegar a Jesus. Interpõem-se entre Jesus e os mais pequenos, frágeis e necessitados daquela sociedade. Em vez de facilitarem o acesso a Jesus, obstaculizam-no! 
Já se tinham esquecido do gesto de Jesus que, uns dias antes, tinha colocado no centro do grupo uma criança para que aprendessem bem que são os mais pequenos os que têm de ser o centro de atenção e cuidado dos Seus discípulos. Tinham-se já esquecido de como a tinha abraçado diante de todos, convidando-os a acolher os pequeninos em Seu nome e com o mesmo carinho.
Jesus indigna-se. Aquele comportamento dos Seus discípulos é intolerável. Enfadado, dá-lhes duas ordens: "Deixai vir a Mim as criancinhas. Não as impeçais." Quem lhes tinha ensinado a actuar de uma maneira tão contrária ao Seu Espírito? São, precisamente, os pequenos, débeis e indefesos, os primeiros que têm de ter aberto o acesso a Jesus. 
A razão é muito profunda pois obedece aos desígnios do Pai: "Dos que são como eles é o reino de Deus". No reino de Deus e no grupo de Jesus, os que molestam não são os pequenos, mas os grandes e poderosos, os que querem dominar e ser os primeiros.
O centro da sua comunidade não terá de estar ocupado por pessoas fortes e poderosas que se impõem aos outros a partir de cima. Na Sua comunidade necessita-se de homens e mulheres que procuram o último lugar para acolher, servir, abraçar e bendizer os mais débeis e necessitados.
O reino de Deus não se difunde a partir da imposição dos grandes mas desde o acolhimento e defesa dos pequeninos. Onde estes se convertem no centro da atenção e cuidado, aí está a chegar o reino de Deus, a sociedade humana que o Pai quer!

Arnaldo Vareiro 

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