sábado, 27 de junho de 2009

Meditação do Evangelho do XIII Domingo Comum - 28 Junho 09

A tua fé te salvou!” “Basta que tenhas fé!”

Na ordem espiritual, é imprescindível a fé.

As comodidades, as seguranças são impossíveis.

Sem confiança no OUTRO não daremos um passo.


Desperta! Ressuscita!

Não permaneças inerte no teu casulo, que tu mesmo fabricaste.

Atreve-te a voar.

Se não enfrentas o risco, não encontrarás a Vida.


Não te queixes que estás apagado.

A culpa é tua porque não te conectaste.

A tua lâmpada está pronta para iluminar.

Toda a energia está à tua disposição.

Só tens que tocar a fonte de energia.


Arnaldo Vareiro

quinta-feira, 18 de junho de 2009

A HERDEIRA DO SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS


O Mês de Junho é tradicionalmente dedicado de modo especial ao culto do Sagrado Coração de Jesus e várias comunidades paroquiais, sobretudo, onde há presença do Apostolado da Oração e de confrarias devotadas ao Coração de Jesus promovem reflexões, horas de adoração ao Santíssimo Sacramento, procissões...

Mas, este ano, a Solenidade do Sagrado Coração de Jesus, que celebrámos no dia 19 de Junho, ganhou no nosso país e, concretamente, na nossa Arquidiocese, um maior brilho e entusiasmo com a visita das relíquias de Santa Margarida Maria Alacoque, a apóstola do Coração de Jesus. Parece-me que em Portugal é pouco conhecida pelos nossos cristãos, pois a sua memória litúrgica (16 de Outubro) é facultativa, isto é, não é obrigatório celebrar a sua memória. A passagem das suas relíquias pelo nosso país deve ser oportunidade para conhecermos mais e melhor alguns traços seus biográficos e, sobretudo, a sua vivência espiritual como imitação para a nossa vida cristã.

Margarida nasceu em 22 de Julho de 1647 (memória litúrgica de Santa Maria Madalena) em Vérosvres, Saône-et-Loire, França, a trinta quilómetros de Paray-le-Monial. Era o quinto filho de Claude Alacoque e de Philiberte Lamyn. Passa muito tempo em casa de sua madrinha, a qual tinha uma filha visitandina (Monja da Visitação). Teria mantido Margarida contactos com ela e despertado para a vocação religiosa? Em 1655 morre o seu pai e é confiada às Clarissas onde faz a sua 1ª Comunhão, iniciando, assim, uma intensa vida eucarística. Entretanto, é atingida por uma forte e grave doença, o que a leva a deixar as religiosas por quatro anos. Na doença, entrega-se incondicionalmente à Santíssima Virgem Maria a quem promete, se obtiver a graça da cura física, acrescentar ao seu nome o de Maria; assim aconteceu no dia da sua Confirmação em 1669, passando a chamar-se Margarida Maria. É atormentada por várias tentações e provas, mas busca consolação e força na Eucaristia. Tem uma intensa vida de oração e dedica-se ao serviço e amor aos pobres e ao ensino do catecismo.

Em 25 de Maio de 1671, entra no Mosteiro da Visitação de Paray-le-Monial e escuta uma voz que lhe diz: “É aqui que Eu te quero!” Começam dezanove anos de uma vida marcada pelo Sofrimento e pela Eucaristia: “Sem o Santíssimo Sacramento e a Cruz, não poderia viver.” Faz a sua Profissão Religiosa em 6 de Novembro de 1672 e passado um ano inicia-se o período das grandes aparições (1673-1675). Margarida Maria é cumulada das graças abundantes do Senhor mas também de inúmeras e penosas provações. Quando começa a abrir-se com a sua Superiora contando-lhe que Jesus se lhe revelava, foi tida como alucinada e desiquilibrada psiquicamente. Mas Deus tudo providencia e não abandona a Sua amada! É então que que em 1675 chega a Paray-le-Monial Claude La Colombiére, sacerdote jesuíta, santo, e que Margarida descreve como “fiel servidor e perfeito amigo”. Vivem uma profunda e intensa amizade espiritual. Mas um ano depois, em 1676, o padre Colombiére parte para Inglaterra onde o espera um ministério novo e delicado. Mas Jesus promete-lhe que nunca a deixará só;Ele é o seu Tudo!

Depois desta breve apresentação biográfica de Margarida Maria, vamos apontar alguns aspectos da sua espiritualidade:

  • Cristocêntrica

O centro da vida de Margarida é Jesus Cristo; Ele é o Mestre que lhe ensina a oração, a mansidão, a humildade, a obediência. Ele é o Soberano e, por isso, vive numa inteira submissão à Sua vontade. Ele é o Sacrificador, que se oferece a Si mesmo sobre o altar da Cruz. Ele é o Bem-amado, que confia os segredos do Seu coração e convida a partilhar os seus sentimentos de amor para com o Seu Pai e para com os homens. Ele é o Esposo que quer associar a Esposa à Sua obra. Ele é o Amor que se entregou sem reservas e se admira da falta de reconhecimento dos homens. O Amor espera ser amado. Ele é o Refúgio onde os pecadores encontram força e misericórdia.

  • Vida Eucarística

É curioso notar que as mensagens/aparições decorrem durante a celebração da Eucaristia ou a adoração do Santíssimo Sacramento. A Eucaristia é o sacrifício da cruz tornado presente. À oferta que Ele fez da Sua vida para a salvação do mundo, Jesus associa a oferta da vida da sua discípula bem-amada. A Eucaristia é a presença real do Ressuscitado; é a Presença que chama a presença. Lemos nos seus escritos: “Quando estou diante do Santíssimo Sacramento, o meu coração está no centro... consumir-me na Sua presença como uma tocha ardente para lhe entregar amor por amor.”

  • Reparação

O pecado é sempre uma falta de agradecimento para com o Deus-Amor. Reparar o Coração de Cristo supõe que nos aproximemos da realidade do pecado; reparar é amar. Quanto mais o coração é delicado, mais ele compreende a gravidade de todo o pecado. Que coração mais delicado que o de Cristo? Nesta dimensão reparadora, ganha sentido a oferta do sofrimento, com o qual e pelo qual procuramos consolar o Amigo.

  • Espiritualidade unificada pelo Amor

Um amor pessoal e universal - “O meu divino coração está tão apaixonado de amor pelos homens e por ti em particular...”; apelo de um amor desprezado - “Eis o coração que tanto amou os homens e que deles não recebeu senão ingratidões!”.

Um amor sem limites que suscita um movimento de um dom sem reserva. Um amor benevolente e misericordioso, compassivo com as nossas fraquezas. Um amor glorioso, vencedor da morte; as chagas glorificadas de Cristo são fonte de toda a esperança.


O culto do Coração de Jesus permanece sempre actual se aceitarmos, sobretudo, penetrar nos sentimentos deste Coração que tanto nos ama! Que Santa Margarida Maria nos ajude no acolhimento diário deste Amor para que o Coração de Cristo reine em todos os corações!



Arnaldo Vareiro


sábado, 6 de junho de 2009

O ESSENCIAL DO CREDO

Ao longo dos séculos, os teólogos cristãos têm elaborado estudos profundos sobre a Trindade. Mas, muitos cristãos dos nossos dias não chegam a captar que essas admiráveis doutrinas implicam a sua vida.
Parece-me que hoje necessitamos de ouvir falar de Deus com palavras humildes e simples, que toquem o nosso pobre coração, confuso e desalentado, e reconfortem a nossa fé vacilante. Necessitamos, talvez, de recuperar o essencial do nosso credo para aprender a vivê-lo com uma alegria nova.
"Creio em Deus Pai, criador do céu e da terra." Não estamos sós perante os problemas e conflitos. Não vivemos esquecidos. Deus é o nosso "Pai" querido! Assim Lhe chamava Jesus e assim Lhe chamamos nós. Ele é a origem e a meta da nossa vida. Criou-nos a todos somente por amor e nos espera a todos com o coração de Pai quando terminarmos a nossa peregrinação neste mundo. O seu nome é hoje esquecido e negado por muitos. Os mais novos vão-se afastando dele e nós, crentes, não sabemos contagiar-lhes a nossa fé, mas Deus continua a olhar-nos a todos com amor. Embora vivamos cheios de dúvidas, não temos de perdera fé num Deus Criador e Pai, pois perderíamos a nossa esperança última.
"Creio em Jesus Cristo, Seu único Filho, nosso Senhor." Ele é a grande revelação que Deus fez ao mundo. Ele nos disse como era o Pai. Para nós, Jesus nunca será mais um homem. Vendo-O, vemos o Pai: nos seus gestos captamos a Sua ternura e compreensão. Nele podemos experimentar um Deus humano, próximo, amigo. Este Jesus, o Filho amado de Deus, anima-nos a construir uma vida mais fraterna e harmónica para todos. É o que o Pai mais quer. Aliás, indicou-nos o caminho a seguir: "Sede misericordiosos como o vosso Pai é misericordioso." Se nos esquecermos de Jesus, quem ocupará o seu lugar? quem poderá oferecer-nos a sua luz e a sua esperança?
"Creio no Espírito Santo, Senhor que dá a vida." Este mistério de Deus não é algo alheio e distante; está presente no fundo de cada um de nós. É o Espírito que alenta as nossas vidas, como Amor que nos leva até aos que sofrem. Este Espírito é o que há de melhor dentro de nós!
A. Vareiro