quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

O CAMINHO DA QUARESMA

A celebração da Páscoa, como qualquer “tempo forte” da liturgia, é precedida por uma preparação intensa de conversão, chamada QUARESMA.
A palavra Quaresma (Quadragesima) quer dizer quarenta dias. Ao longo deste período revivemos os quarenta dias de Cristo no deserto e os quarenta anos de peregrinação dos israelitas pelo deserto até chegarem à terra prometida.
Com efeito, durante quarenta dias, Jesus prepara-se no deserto para o seu imediato ministério público, enfrentando as tentações e renovando a relação íntima com o Pai. Durante quarenta anos, o povo conduzido por Moisés, depois de sair do Egipto, a terra da escravidão, sofreu fome e sede; às vezes, sucumbiu face ao desânimo mas, antes de mais, viveu a experiência única da ternura de Deus (Ex 12-40).
É exactamente esta experiência de intimidade com Deus que todos os crentes devem reviver ao aproximar-se a Páscoa, para chegar com “a alegria de um coração purificado” à renovação das promessas realizadas no Baptismo, que é a aliança pessoal de cada cristão, e se encontrar profundamente com Cristo morto e ressuscitado na Eucaristia.
A nossa Arquidiocese de Braga continua a viver o seu programa pastoral “Tomar conta da Palavra que toma conta de nós”. Neste ano somos convidados a “Acolher a Palavra”. A Quaresma de 2010 deve ser para o povo de Deus um desafio exigente que o sensibilizará para escutar e acolher melhor o chamamento do Senhor, que nos convida à conversão.
Antigamente, no começo da Quaresma, a Igreja insistia mais nas modalidades da penitência; hoje, antes de mais, assinala-nos o seu objectivo me significado.
Mais do que o como fazer penitência, é importante saber o porquê, para que esta não se transforme numa prática superficial que não produz os frutos de conversão desejados.
A penitência da Quaresma orienta-se para Deus, a quem a honra, e para os irmãos, a quem consola. Nela se expressa com grande força a opção pessoal do discípulo de Jesus pelo duplo mandamento do amor: amor aos irmãos porque amamos o Pai misericordioso e cheio de ternura.
Mais do que uma ascese artificial e um mero cumprimento de preceitos, a Quaresma propõe a todos os homens que se esforcem por rever leal e sinceramente a sua maneira de ser, por descobrir onde se encontram no projecto que Deus tem para eles, o que é que querem e o que perceberam da vida cristã. Estes quarenta dias vividos com Israel no deserto, com Moisés, Elias e, sobretudo, com Cristo, são um período profundamente espiritual. Sabemos que devemos enfrentar a tentação, mas também sabemos que somos capazes de vencer com Cristo. Por outras palavras: realismo salutar e objectividade para nos reconhecermos pecadores, mas também esperanças renovadas diante da luz nova. Coragem para mudar, assim como para esperar…
Arnaldo Vareiro

1 comentário:

  1. Olá amigo, já há muito que não lia as tuas reflexões.Defacto continuam sempre bem,no momento certo e oportunas.Para mim são sempre de uma riqueza para minha formação e crescimento espiritual.Obrigado.

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